segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O ciclo não incomum de um projeto mineral na Amazônia


Um projeto mineral inicia com as descobertas garimpeiras superficiais nos cursos d´água, com a legalização do projeto por geólogos locais e a apresentação das descobertas garimpeiras em relatórios escritos em inglês.
Um projeto se solidifica com a participação de geólogos e técnicos locais e estrangeiros com novas descobertas afastadas dos cursos d´agua, com a utilização de ferramentas geoquímicas.
Um projeto pega corpo com a participação de geólogos e técnicos locais e estrangeiros com a utilização de ferramentas geofísicas e de trincheiras e a obediência cega à lei canadense 43101 criada para defender os interesses dos acionistas, verdadeiros donos do projeto.
Depois de um ano, o capital integralizado pela empresa financiadora, com a sondagem dos alvos descobertos com as ferramentas anteriores, chega à cavalaria de fora demitindo os intrusos locais. É também a época da construção de acampamentos confortáveis com internet.
Vem a época das visitas de investidores e das fiscalizações de bancos estrangeiros e certificadoras e a divulgação periódica de relatórios (release) na internet com o objetivo de alavancar o valor das ações; nesta época, a atividade de campo se resume em manter os acessos para as visitas e a limpeza do acampamento
Vem a época das dúvidas, da cristalização dos erros “culturais” da equipe de fora e da Justiça do trabalho e o comando do projeto por advogados brasileiros
Vem a época das fiscalizações do DNPM com a volta momentânea dos intrusos locais
Vem a época da transferência das ações e a mudança do staff para uma nova empresa
Vem a época do trabalho virtual com poucos trabalhos de campo, o projeto transformando-se num ativo fora do pais com o apoio de advogados brasileiros.
Vem a época das dificuldades de pagamentos para os garimpeiros titulares e as tentativas de renegociações, a suspensão do pagamento aos fornecedores, trabalhadores e taxas ao DNPM.
Vem a época da justiça do trabalho tentando arrestar bens da empresa e a briga por estes bens entre fornecedores, garimpeiro titular, trabalhadores e governo.
Vem a época do bloqueio legal com o indeferimento do relatório e a serie de recursos
Vem a época dos garimpeiros de novo trabalhando nas áreas trabalhadas pela empresa e baixando poços nos locais mais ricos descobertos pela sondagem.

Fechou o CICLO depois de no mínimo 20 milhões de dólares investidos na área. Mas esses 20 milhões são pulverizados em milhares de acionistas “anônimos”. Os geólogos estrangeiros saem do projeto com gratificações de centenas de milhares de dólares e o staff acionista sai do projeto com gratificações milionárias. Quanto aos acionistas anônimos........de fora e aos geólogos brasileiros, ganharam em experiência 

3 comentários:

Comentário do geólogo Fernando Lemos do DNPM do Para

O CACHORRO CORRE ATRÁS DO RABO......................
Nos últimos 35 anos já vi o filme no mínimo 4 vezes.............
Faltou dizer que a coisa foi assim no inicio depois volta sempre para os mesmos lugares..... são o que denomino: panela de água quente ( para pelar pato) e como tem...............
No tapajós são: cuiu cuiu, patrocínio, água branca, castelo de sonhos, são Jorge
No gurupi: jibóia, cachoeiro, chega tudo, aurizona
Amaná: rosa de maio, abacaxis
No inajá: carrapato, forquilha, morada da prata
Gradaus: cumaru, avião, Felipe, rio da ponte
Tucumã: cuca, velho guilherme, cabano
Iriri: madalena
Volta grande:itatá, bacajá, bacajaí, ituna
E a mais famosa: serra pelada

Comentário do geólogo Alain Lestra

Sabemos que o objetivo não é e nunca fui de abrir minas, mas de inflar as ações e tirar o time antes da derrocada e em muitos casos citados pelo meu colega Fernando Lemos, deu certo, principalmente na Serra Pelada. Neste caso especifico, em 2007 eu escrevi junto com Dirceu Sobrinho um e-mail detonando o projeto para o presidente da Colossus que nos contratou em Toronto, mas ainda eramos ingênuos e só depois que entendemos o que mais importava para o projeto era: A IMAGEM INTERNACIONAL para a alavancagem das ações. levantaram 20 milhões de dólares e logo depois o presidente se retirou da empresa deixando os acionistas com a batata quente e 40.000 garimpeiros na idade da aposentadoria

e o Kishida? que sabe de tudo, não tem nada para falar? no PDAC em Toronto, No Box da Colossus, no lugar do mapa da mina, havia uma foto de serra Pelada com as milhares de formiguinhas.

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